sábado, 6 de maio de 2017

Das bem aventuranças

Existem textos que me comovem, mas não existe nada mais lindo e que fale tanto ao meu coração quanto os ensinamentos de Jesus. As vezes, como uma criança que pergunta ao adulto o porquê das coisas inexplicáveis, eu me pego perguntando a Ele o porquê daquelas palavras e não de outras. Neste caso, o fato de não saber porquê, não diminui a beleza e o mistério que pairam no meu coração, quando leio as pérolas deixadas por Jesus.
Esses dias atrás, por exemplo, lembrei-me das "bem aventuranças" e fui lê-las, uma a uma: "Jesus, por que uns herdarão a Terra e outros verão a Deus? " "Jesus, por que pobres de espírito? Por que não os valentes, os corajosos...?" E nada. Em um determinado momento, porém, pensando sobre o desdobramento das bem aventuranças, eis que a criança pergunta: "Jesus, por que você não disse "Bem aventurados os que amam"? Eu senti falta disso aqui!" 
Há quem diga que um sábio nunca dá uma resposta pronta a alguém, mas aponta o caminho para que descubra a resposta. Acho que Jesus tem usado essa técnica comigo e, cá para nós, como ele é sábio! 
Perguntei à minha mãe o que é amor e ela disse que não sabia explicar. Mas me disse que sentia que até as batidas do seu coração só faziam sentido porque ela tem a mim e aos meus irmãos;
Perguntei a uma amiga o que era o amor, e ela me disse que amor é o encontro de duas almas, é um sentimento inquebrantável, que une, para sempre, duas pessoas; 
Perguntei a um professor o que era o amor, e ele me disse que era sacrificar a sua própria vaidade acadêmica para plantar a semente do conhecimento no jardim, ainda em formação, dos seus alunos;
Perguntei a uma pesquisadora o que é o amor, e ela disse que é o que sente quando ela e o universo se encontram e, cada um na sua grandiosidade, dividem seus menores e íntimos segredos um com o outro.
O que, de fato, é o amor? É tudo isso, ou nada disso? Acho que hoje, eu tenho uma pálida ideia da resposta à pergunta que eu te fiz, Jesus. 
Hoje eu entendo que é muito mais fácil descobrir o amor pelo caminho da misericórdia, da pacificação, da justiça... acho que estamos longe de entender o que significa amor, na sua totalidade. Então, para ajudar, você mostrou o caminho e nos deixou a graça e a surpresa de desvendarmos esse doce mistério que é o amor. 
Mas não se espante, Jesus, quando eu chegar com um caderninho, uma caneta e com os óculos na ponta do nariz dizendo: "Jesus, por que...?" 
É só que o meu coração se enche de alegria em meditar e aprender com você.

sábado, 5 de novembro de 2016

"...e a saudade dele está doendo em mim"


Meu velhinho,
Nada me lembra você como esta música. Nenhuma música poderia retratar melhor a nossa convivência, a felicidade em te ter e o tamanho da saudade que lateja aqui no peito. Raramente falo de você com outras pessoas. Nossos momentos lindos ficam aqui na minha mente, me fazendo rir e chorar ao mesmo tempo. Há dias em que sinto o cheiro do  seu Kaiak e do Listerine de menta sem álcool que você usava.
Eu sinto uma saudade imensa de você. Todos os dias. Sinto falta de ser Rosa quando me sinto espinho, sinto falta do seu abraço mole e sincero, sinto falta de você me empanturrar de comida, aproveitando ´para comer também,porque Vó Lia sempre controlava rigorosamente a sua dieta.
Mas cá estou eu, ouvindo suas músicas favoritas e me lembrando do seu tom de voz, das suas mãos macias, do seu sorriso, das suas feições...e tentando seguir os seus conselhos. O principal deles: "Minha filha, procede!" Estou aqui, meu amor, tentando ser o melhor que eu posso.

Estou aqui, meu velho, esperando o dia de poder me sentir Rosa de novo, no seu abraço, na sua voz e no seu colo de pai.
Até lá, esteja bem, esteja em paz e feliz.
Eu te amo muito.
Sua, para sempre, Rosa.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Das experiências que o mundo nos proporciona

Esses dias têm sido desafiadores para mim. Há alguns meses, deixei de lado a minha "zona de conforto" e parti para uma aventura em outro estado, com outras pessoas, com outros ares, com outras perspectivas. Resultado: nunca achei que fosse tão complicado deixar a tal "zona de conforto". Tenho tido muitas dificuldades que não sabia que tinha e outras que eu não sabia que podiam piorar. Porém, longe de serem motivos de lamúria ou tristeza (foram, é bem verdade. Mas agora não são mais.), descobrir o que há em mim é libertador; saber das minhas necessidades, é maravilhoso! Por exemplo, descobri que minha mente e o meu corpo necessitam de meditação e, junto a ela, disciplina. Nunca dei tanto valor às duas coisas! Descobri aqui que minha emotividade é um negócio fascinante. Noite passada sonhei que estava beijando a careca de painho e acordei chorando no meio da noite. E o maior aprendizado de todos, até agora: Que ter dificuldades e chorar não é errado (putz! Que descoberta fabulosa!).
E assim tenho seguido, curiosa sobre mim mesma a cada dia. E como diz o gênio: "Uma mente que se abre a uma nova ideia, jamais retornará ao seu tamanho original".

E não é que se abrir o autoconhecimento é uma grande ideia?!

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

A janela

 


                                                         "Não quero ficar presa nela."

domingo, 18 de setembro de 2016

Independência é morte!

Salve, senhores, donos de empresas, negócios e gentes. Salva a vocês, que maldizem o útero pátrio do qual saíram e cospem na seiva que os alimenta. Salva a vocês, que vendam seus filhos com a ilusão da vida perfeita, lá fora, e os fazem menosprezar a terra que habitam; que ferem o princípio básico dos outros, em busca de viverem (in) dignamente, em seus padrões confortáveis. Salve a vocês, senhores, que arrancam até o último fio de cabelo negro e crespo do povo desta pátria, para depois chamarem de injustas as oportunidades, concedidas a essas mesmas pessoas, de conquistarem um lugar digno na sociedade. Salve, meus caros, nossos tão caros senhores, a vocês que repudiam as cotas, o SUS, o "ciência sem fronteira", o ensino público e o diabo à quatro, por não admitirem a ascensão das costas nas quais, até hoje, vocês limpam suas botas caras. Que Deus salve suas almas.
E que neste dia de Independência, eu ouça o grito de vitória daqueles que deixaram seu lar em busca de uma vida melhor na cidade grande; que eu veja o sorriso das mães de família, que deixam suas casas e seus filhos, para ensinar a dignidade aos filhos dos senhores, sem, no entanto, serem suas escravas; que eu ouça as vozes que cobram educação, saúde, dignidade e proteção. Que eu ouça, nesta data, o grito de independência do povo.
E que vocês, senhores, também ouçam "INDEPENDÊNCIA!"
Que vocês vejam "INDEPENDÊNCIA!"
E que vocês se curvem à "INDEPENDÊNCIA!"

PS: Ali, no título, é um "é" mesmo. É morte. É Independência.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Das ideia (ou do que move as pessoas)

Sempre admirei os grandes personagens históricos que morreram por um ideal. Sempre que ouvia falar deles, pensava comigo: “será que precisava disso tudo? Pessoas exiladas, torturadas, sozinhas…será que se fossem mais diplomáticas (ó, céus!) as coisas não se resolveriam? “E esse foi o meu argumento até hoje. Ou melhor, até antes do banho de 60 minutos que tomei agora a pouco. Esse foi o meu pensamento até eu ter que lidar diretamente com escolhas, com o “eu apoio” e “não, eu não apoio”, até eu ter que largar a diplomacia (leia-se medo do enfrentamento) e perceber quantos, até mesmo aqueles que comungam dos mesmos ideais que eu, me virarem as costas, porque não tiveram a sua vontade atendida. Agora eu entendo que o meu ideal sou eu mesma, que o meu ideal é um reflexo da minha construção ética e moral. Negligenciá-lo ou negá-lo, para satisfazer a vontade dos outros, quando essa vontade não condiz com a filosofia ou o objetivo proposto, é negar a mim mesma, é negar a todos aqueles que morreram defendendo o direito de professar tudo o quanto acredita (acredita mesmo, já que ninguém morre). Entendendo isso, eu também entendo que, em muitos momentos, estarei sozinha (por sorte eu tenho os mais chegados “do lado de lá” que não me largam assim tão fácil.), ou com aqueles poucos amigos. Apenas eu e a ideia.


Quero poder olhar para ela e me sentir feliz. Quero poder olhar para mim e me sentir feliz. Eu quero perceber a minha consciência tranquila...e feliz.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Abismo

- E ela tem, no fundo dos olhos, o infinito abismo( ou será que o abismo, em seu mais profundo infinito, reflete os olhos dela?).
- Ela tem?
-Tem,sim. Ninguém o vê, porque ninguém a olha nos olhos.
- Por que ela tem um abismo, senhor? Com tanta coisa neste mundo para ter, porque ela foi ficar logo com o abismo?
- Os abismos, meu pequeno, são para os "sós". Quando nada mais os preenche, eis o abismo infinito e silencioso, para ajudar a conter o que ninguém é capaz. É esse abismo que habita, hoje, nos olhos dela, que é tão só.
- Ela é só?
-É, sim. Ela é só, porque ninguém a olha nos olhos. As pessoas não gostam dos abismos, meu pequeno. Eles são  grandes demais para alguém dar conta. Por isso ela é só. Só abismo. É completa de infinito....abismo.